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20 anos sem ganhar a Copa do Mundo: Brasil está no seu 3° período de jejum sem o título

  • Foto do escritor: Felipe Sapia
    Felipe Sapia
  • 17 de mar. de 2021
  • 6 min de leitura

Com a Copa de 2022 chegando, as expectativas para o Hexa aumentam cada vez mais. É fato que os brasileiros, nativos do País do Futebol e, talvez, o povo mais fanático pelo futebol no mundo, não perdem a esperança e sempre que chega uma Copa, a esmagadora maioria cria expectativas pelo título e aquele clima de união e festa toma conta do país. A questão é que em 2022 fará 20 anos desde o último triunfo brasileiro na Copa, se aproximando cada vez mais do maior jejum da história da Seleção Brasileira.


O maior período sem um título de Copa do Mundo para os brasileiros foi de 28 anos (1930 até 1958), entretanto, pode-se dizer que o Brasil nunca teve um jejum de mais de 5 Copas do Mundo. Como as Copas de 42 e 46 não ocorreram por causa da 2ª Guerra Mundial, o Brasil ficou de 1930 (1930, 1934, 1938, 1950 e 1954) até 1958 sem se consagrar campeão. Nesse meio período, ocorreu o Maracanazo, quando os brasileiros perderam a Copa de 50, aqui no Brasil, para o Uruguai. Certamente esse fracasso foi uma das maiores tristezas da história para o futebol brasileiro.

Manchete do jornal após o Maracanazo, em 1950.

Em 58, o mundo conheceu Pelé, Zito, Vavá, Zagallo, Nilton Santos e companhia, e o Brasil sagrou-se campeão do mundo pela primeira vez. Já em 62, a seleção era a favorita e o time era praticamente o mesmo. Pelé, já mais experiente, tinha tudo para ser o protagonista para o Bi-Campeonato, mas acabou se machucando na partida contra a Tchecoslováquia e perdendo a fase eliminatória. Após sua saída, a seleção não jogou tão bem. Amarildo foi seu substituto, mas quem foi responsável por tomar o protagonismo do Brasil foi Mané Garrincha, que fez 4 gols. O substituto de Pelé entrou bem também e fez 3 gols, sendo 1 na final. A Copa de 66 foi um desastre e Pelé até cogitou não jogar a Copa de 70, mas acabou voltando atrás e sendo protagonista da maior seleção da história. O time de 70 era composto por Félix, Carlos Alberto, Brito, Piazza (Fontana) e Everaldo; Clodoaldo, Gérson, Jairzinho, Tostão, Pelé e Rivellino. Lendária. Sagraram-se tri-campeões do Mundo e trouxeram a taça Jules Rimet para o Brasil. Além de contar com a maior seleção de todos os tempos, a Copa de 70 foi a despedida de Pelé. O Maior de Todos os Tempos não acreditava ter sorte em Copas do Mundo, mesmo sendo Campeão do Mundo por 3 vezes.

Pelé sendo aclamado pelo público após a conquista da Copa de 70. / Reprodução: GE

De 70 até 94, grandes seleções existiram, mas nenhuma conseguiu trazer o tetra para casa. O Brasil passou, novamente, 5 edições sem ganhar a Copa do Mundo, mesmo tendo elencos como o de 82 e 86 que contavam com Sócrates, Zico, Branco, Careca, Müller, dentre outros. O Brasil, que havia criado muita expectativa com as seleções de 1982 e a de 1986, clamava por um título, até que a Copa de 94 chegou e, finalmente, conseguimos o tão esperado tetra. A seleção era composta por Taffarel, Jorginho, Aldair, Márcio Santos e Branco; Mauro Silva, Dunga, Mazinho (Raí) e Zinho; Bebeto e Romário. O maior protagonista foi Romário. O "baixinho" chamou a responsabilidade e foi o jogador mais importante daquela seleção. Sem ele, seria quase impossível ganhar aquela Copa do Mundo. Vale lembrar que Senna morreu naquele ano, então, a Seleção Brasileira teve a brilhante ideia de dedicar o título do mundo para o eterno ídolo nacional.

Seleção Brasileira homenageia Senna após conquistar o Tetra. / Reprodução: Uol

Após a conquista do Tetra, o povo brasileiro já criava muitas expectativas para a Copa de 98. A base da seleção era parecida com a de 94, mas sem o protagonista Romário. Mesmo assim, a Seleção tinha um reforço de peso: Ronaldo Fenômeno. O Camisa 9 tinha apenas 22 anos, mas já tinha sido melhor do mundo duas vezes (96 e 97). A Copa do Mundo do Brasil foi boa e a Seleção chegou até a final. O jogo foi contra a França e talvez o penta viesse, se não fosse pela convulsão de Ronaldo antes do jogo. O jogador mais importante daquele time teve a convulsão e insistiu para que jogasse a final. Os médicos liberaram e Ronaldo foi para o jogo, mas o clima na Seleção Brasileira estava pesado e todos ficaram abalados com o que havia acontecido com Fenômeno. A França ganhou de 3x0 e Zidane ficou marcado como o carrasco do Brasil, marcando 2 gols na final.

Zidane e a Taça do Mundo em 98. / Reprodução: Estadão

Enfim, 2002. O ano do penta. O último título mundial do Brasil foi marcado por um elenco brilhante em que todos tiveram um papel importante. O time era composto por Marcos, Cafu, Lúcio, Roque Júnior, Edmílson, Roberto Carlos, Gilberto Silva, Kléberson, Ronaldinho (Juninho Paulista), Rivaldo e Ronaldo (Denílson). Ronaldo foi artilheiro da competição com 8 gols. Brilhante. Rivaldo fez o time jogar. Ronaldinho encantou com sua magia e fez aquele memorável gol contra a Inglaterra. O sistema defensivo era praticamente impecável. Então, a Copa de 2002 não foi resultado de um trabalho individual, e sim de um todo muito talentoso e entrosado. Aquela geração merecia ser campeã do mundo.

Ronaldo e seu 'exótico' cabelo na Copa de 2002. / Reprodução: GE

Agora chegamos no período sem título mundial para a Seleção Brasileira. A expectativa para 2006 era gigantesca. A Seleção composta por Dida, Cafu (Cicinho), Lúcio, Juan, Roberto Carlos, Emerson (Gilberto Silva); Zé Roberto (Juninho Pernambucano), Kaká, Ronaldinho (Ricardinho), Adriano (Fred) e Ronaldo (Robinho). Ronaldinho estava em seu auge, havia ganhado o prêmio de Melhor do Mundo em 2004 e 2005. Kaká também estava 'voando'. Adriano já era o Imperador de Milão. E Ronaldo, bom, é o Ronaldo, né? O Brasil chegou como favorito e o sonho do hexa já estava em todos os brasileiros. Infelizmente esta seleção não vingou e fomos eliminados nas quartas de final para a França, sempre a França. Zidane, nosso carrasco, novamente deu um show e foi o responsável pela eliminação do Brasil.

O "quadrado mágico" de 2006. / Reprodução: Uol

Em 2010, os problemas começaram a ser diferentes. Logo na convocação, os brasileiros já esperavam que Paulo Henrique Ganso e Neymar fossem convocados. A dupla estava 'voando' no Santos e, apesar da pouca idade, já tinham sido convocados diversas vezes para a Seleção. Entretanto, isso não aconteceu e causou uma revolta generalizada na população brasileira. O time titular era composto por Julio César, Maicon, Lúcio, Juan e Michel Bastos; Gilberto Silva, Felipe Melo, Kaká e Daniel Alves (Elano); Robinho e Luís Fabiano (Nilmar). A Seleção foi eliminada nas quartas de final para a Holanda, por 2 x 1. Felipe Melo acabou levando a culpa pela eliminação por causa de um gol contra e uma violenta e desnecessária expulsão.

 O gol de Sneijder que eliminou o Brasil. / Reprodução: GE

Agora, o momento que ninguém quer lembrar, a Copa de 2014. Por ser aqui no Brasil, a expectativa era dobrada. O sonho do hexa, que era realidade, acabou se tornando um tenebroso pesadelo. A Seleção Brasileira vinha bem, Neymar, com seus 21 anos, comandava o Brasil com maestria e, por muitos momentos, parecia que seriamos campeões. A equipe era formada por: Júlio César; Daniel Alves, David Luiz, Thiago Silva e Marcelo; Luiz Gustavo (Ramires) e Paulinho (Hernanes); Oscar, Neymar (Neymar), Hulk e Fred. Tudo estava indo bem até o jogo contra a Colômbia. No finalzinho de jogo, Zúñiga deu uma joelhada nas costas de Neymar, que fraturou a terceira vértebra lombar e, por pouco, não teve que parar de jogar. A questão é que o Brasil ganhou, mas teria que enfrentar a Alemanha na semi-final sem Neymar e Thiago Silva, que levou o 2° amarelo. Felipão optou por Dante e Bernard. A partida foi um desastre total. Foram 5 gols nos 30 primeiros minutos. Pavoroso. No 2° tempo, mais 2 gols dos alemães para o desespero geral da nação. Oscar fez o gol de honra, que não deu honra nenhuma, aos 45 minutos. O Mineirão ficou desolado e, sem dúvidas, foi o maior vexame da história nacional. Brasil ainda perdeu de 3 x 0 para a Holanda na disputa de 3° lugar.

'Desculpa a todos, [...] eu só queria dar alegria para o meu povo', disse David Luiz após o 7x1. / Reprodução: Uol

Por fim, a última Copa até o momento: Copa do Mundo de 2018 na Rússia. Analisando os brasileiros, é impressionante como uma Copa do Mundo consegue mudar completamente os sentimentos de uma população toda. O Brasil vinha do pior vexame da história e, mesmo assim, os brasileiros estavam extremamente empolgados para a Copa. A Seleção fez uma eliminatória boa e foi para a competição com Alisson; Marcelo, Thiago Silva, Miranda e Fagner; Paulinho, Casemiro (Fernandinho) e Philippe Coutinho (Renato Augusto); Neymar, Gabriel Jesus (Firmino) e Willian (Douglas Costa). Neymar, o craque brasileiro, não estava 100%. Havia sofrido uma lesão no pé meses antes e conseguiu recuperar-se para a Copa. O Brasil jogou até que bem, Neymar e Coutinho foram importantíssimos para a campanha brasileira. Tudo ia bem até que Casemiro foi suspenso nas oitavas. Fomos para as quartas de final, contra a Bélgica, sem nosso volante de segurança e, em seu lugar, Fernandinho foi escalado. Entretanto, Courtois estava em uma noite iluminada e Fernandinho foi mal. O volante fez um gol contra e ainda falhou no 2° gol da Bélgica. O sonho do hexa acabou no 2 x 1 para os belgas.

Coutinho foi um dos principais personagens da Copa de 2018. / Reprodução: VEJA

Mesmo com tantas decepções, o brasileiro ainda sonha com o hexa-campeonato em breve. A Seleção Brasileira tem potencial para conquistar o mundo outra vez, mas é claro que precisa ser bem trabalhada. A esperança é que conquistemos a Copa em alguma das duas próximas edições, se não, viveremos o maior jejum sem Copas da história.

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